VESTIDO AZUL
sábado, dezembro 18, 2010
  "ato falho" de general revela nova excessiva transparência
está a ocorrer um novo laboratório para formas de contenção social... (isso sem mencionar o já comprovado uso da ocupação no haiti como laboratório de treinamento para ações em territórios urbanisticamente pauperizados).

observem os termos utilizados pelo militar: "economia de meios", "missão constitucional" - termos pautados pela cartilha de boa governabilidade e competência administrativa. é o exército gramaticalmente integrado à boa governança. O trecho mais revelador, para mim, é este:

"Há políticas e estratégias que não são do meu nível. Os interesses do Exército, o que o comandante, o ministro pensam eu não sei. Eu executo. Diria só que temos a nossa finalidade finalística, que é a defesa externa. A nação investe dinheiro em nós para essa atividade. Fazemos isso com afinco, o tempo todo."


o general admite por ato falho que a atividade do exercito no rio é uma luta contra um inimigo externo travada internamente. é o pior dos mundos em todos os sentidos possíveis. já estamos além do estado de exceção. inventamos uma nova ficção de gap entre fato político e fato jurídico.

da Folha de S.Paulo

18/12/2010 - 08h27

Nossa missão no Rio é ganhar tempo, afirma general do Exército

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ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Confronto no Rio Comandante da tropa precursora brasileira no Haiti, em 2004, o general Fernando Sardenberg, 52, cumpre função semelhante nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, no Rio, ocupados desde o dia 28 de novembro.

O general afirma que sua missão é "ganhar tempo". Para ele, a operação do Exército no Alemão permitirá à PM formar agentes para o local

Rafael Andrade/Folhapress

O general Fernando Sardenberg, comandante da brigada paraquedista, na sede do comando, na zona norte do Rio

"Estaremos por mais de dez meses numa região vastíssima. Estamos proporcionando ao Rio uma economia de meios considerável", diz Sardenberg, que promete afastar soldado que cometer excessos.

Leia íntegra da entrevista com o general publicada na edição deste sábado da Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL).

OCUPAÇÃO

O Complexo do Alemão foi ocupado dia 28 de novembro, com o apoio das Forças Armadas. No dia 25, policiais já tinham entrado na Vila Cruzeiro, favela vizinha ao complexo. As ocupações ocorreram após uma série de atentados ocorridos na cidade, que resultaram em mais de cem veículos queimados.

As ações criminosas seriam uma retaliação dos traficantes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em morros e favelas, segundo as autoridades de segurança.

No dia 4 de dezembro, após reunião no Palácio Guanabara, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciaram que o Exército permanecerá por tempo indeterminado e poderá fazer operações de patrulha e revista dentro dos Complexos do Alemão e da Penha. Os militares, no entanto, não poderão entrar nas casas de moradores.

Caberá à Polícia Militar fazer as buscas e apreensões, portanto, nas residências. Homens do Exército circularão pelas vias das favelas e poderão revistar moradores.


Nossa missão no Rio é ganhar tempo, afirma general

Para Fernando Sardenberg, operação do Exército no Alemão permitirá à PM formar agentes para o local

"Estaremos por mais de dez meses numa região vastíssima", diz ele, que promete afastar soldado que cometer excessos


ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Comandante da tropa precursora brasileira no Haiti, em 2004, o general Fernando Sardenberg, 52, cumpre função semelhante nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, no Rio, ocupados desde o dia 28 de novembro.
O general afirma que sua missão é "ganhar tempo".


Folha - O Exército está pronto para a missão?
Fernando Sardenberg -
Temos muita gente que trabalhou no Haiti. Temos como nossa missão constitucional a garantia da lei e da ordem. Todo soldado se adestra para isso e para a defesa externa.

O Haiti foi um aprendizado?
Temos muitas semelhanças, como o ambiente operacional. Mas quem passou pelo Haiti sabe que nossa preocupação não é só operacional. O acerto com a ONU é trabalharmos só na segurança. Mas ajudamos com médicos, dentistas, engenharia.

O que fará se um soldado cometer excesso?
Será afastado e vai responder disciplinarmente. Se for alguém da Polícia Militar, ou da prefeitura, do governo do Estado, na hora ligo para o secretário de Segurança, e está fora da missão.

Há questionamentos sobre o aspecto jurídico da missão...
Na minha esfera, respondo pela área de pacificação, cumpro as determinações. Tudo o que farei será dentro da legalidade. Temos regras definindo procedimentos.

O ministro Nelson Jobim defende o emprego do Exército nesse tipo de missão para valorizá-lo e obter mais recursos. A missão pode dar nova cara ao Exército?
Há políticas e estratégias que não são do meu nível. Os interesses do Exército, o que o comandante, o ministro pensam eu não sei. Eu executo. Diria só que temos a nossa finalidade finalística, que é a defesa externa. A nação investe dinheiro em nós para essa atividade. Fazemos isso com afinco, o tempo todo.

Ao dizer que só executa, o sr. mostra resignação?
Não. É objetividade. A política é o que fazer. Quem define é o ministério e o comando. A estratégia é como fazer. Órgãos ligados ao comando designam quem vai fazer, o tempo e recursos. Eu sou tático. Não estou resignado. Estou motivado.

O Exército pode ser empregado em outras áreas?
Estaremos por mais de dez meses numa região vastíssima. Estamos proporcionando ao Rio uma economia de meios considerável. Eles podem concentrar esforços em outras frentes, como a formação de quadros. Minha missão é ganhar tempo.
 
terça-feira, dezembro 14, 2010
  sonho I

começou comigo caminhando. não sabia muito bem como havia chegado ali, nem o que estava fazendo, mas como não me fazia essas perguntas, isso acaba sendo completamente irrelevante. agora me dou conta de que não havia nenhuma paisagem. tinha alguns elementos disformes, não sei se eram casas ou árvores. ficava transitando entre eu me vendo andar e eu na perspectiva de quem anda. aí paro, olho para baixo e vejo que estava caminhando sobre uma estrada de terra. não sei quanto tempo depois alguém pega a minha mão e começa a me conduzir. num primeiro momento não reconheço quem era. tomando a dianteira, a pessoa começa a olhar para trás, e reconheço que é uma amiga. ela mostra uma expressão ao mesmo tempo séria e condescendente. mas isso me causa certo desconforto. a serenidade dela tem certo efeito de autoridade sobre mim. o fato de eu ter acompanhado a condução sem ter me perguntado o que estava acontecendo ou para onde estávamos indo faz com que eu me perceba submisso, submetido de forma completamente acrítica às ações dela. não fazia idéia de onde ela estava me levando. aos poucos ela vai diminuindo o passo, até estacar. me dou conta de que estamos diante de um abismo. era meio que um penhasco rochoso, desses de filmes onde pendem de um galho os heróis prestes a cair. me lembrou um pouco o grand canyon (nunca estiva lá, mas já vi em vários filmes e fotos... educação pela cultura de massa... aposto que sei descrever a paisagem melhor do que quem esteve por lá), mas não conseguia ver o fundo. noto agora que ainda não havia céu ou paisagem. e que eu não estava me vendo. assistia tudo do ponto de vista de quem estava caminhando. minha amiga continuava com a expressão de antes, e quando passo a notá-la mais detidamente, uma luz se projeta do abismo. bem clara, tipo um farol alto que te pega de surpresa na estrada quando estamos quase dormindo. a luz começa a dançar do abismo para a nossa altura, até que para. eu me viro para minha amiga e pergunto “é só isso?”. ela abre um sorriso e eu acordo.

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